Segunda-feira, 7 de Abril de 2008

Um senador romano

Sempre me impressionou ver nos filmes históricos a caracterização das personagens dos senadores romanos, sempre tão alvos, de toga e cabelos brancos...pose serena e magestática...o discurso sempre tão certeiro, tão sábios, só de ver !

Devem ter sido mesmo assim os senadores da República de há dois mil anos, mesmo aqueles que levaram a faquinha para apunhalar César...esse vaidoso.

Lembro-me, há uns anos atrás, quando realizava um estágio em arqeologia de campo (a minha secreta paixão), de assistir ao vivo a uma peça clássica (julgo que  "Electra") nas ruinas mágicas de Conímbriga. Que figuraços, que impacto, as togas brancas, debruadas com duas listas largas roxas, deslizando sob aqueles mosaicos milenares...a colocação de voz dos actores a ecoar naquele planalto, ao final de tarde de um dia de Julho, com uma luz muito laranja, como aquela que, nas nossas memórias, costuma banhar os cenários da nossa infância. Inesquecível.

Conheço poucas personalidades vivas que reencarnem com tanta fidelidade estas figuras tão emblemáticas que a cinematografia histórica por vezes recupera. Uma é  a do professor Manuel Patrício, distinto professor da Universidade de Évora já  aposentado, da qual foi magnifico (que nome tão romano) reitor.

Pois na noite do último domingo, no recuperado teatro Sá da Bandeira em Santarém, tive o privilégio de ver, ao vivo e a cores, mais um senador romano reencarnado na figura do Senhor Manuel João Barbosa.

Não conhecem os meus visitantes este personagem real? Passo a apresentar.

O senhor Manuel João é o director do Jornal Folclore que comemorou no passado domingo 5 de Abril o seu 12º aniversário no Teatro Sá da Bandeira . Organizando o espectáculo "Raízes" um momento extraordinário de etnografia e cultura popular portuguesa.

Só compreenderemos verdadeiramente a nossa literatura erudita (esplendorosa em Eça e Aquilino)se soubermos apreciar a nossa cultura popular. Eu amo-a, porque nasci no meio dela e ainda tenho o privilégio de a ver quase todos dias porque, teimosamente, continuo a viver na minha aldeia Natal...algures... na margem esquerda da vida e da geografia. Até ver.

Pois o senhor Manuel desliza com suavidade, como aqueles actores de Conimbriga, por uma boa parte dos festivais de folclore do país, os mais genuinos e representativos (porque na realidade há muito lixo supostamente pseudo-folclórico por aí). É uma figura magra, esbelta, discreta, simples, com todas as marcas de quem já passou seguramente os sessenta. Poderia fotografar com uma velha Leica - essas reliquias tão valiosas - Dava-lhe mais estilo. Mas o senhor Manuel já utiliza uma moderna digital. Desconfio que faz todo o Jornal sózinho. Quem é que disse que já não há D.(s) Quixote(s) neste mundo! Bem haja senhor Manuel.

 


publicado por ensinartes às 16:54
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